Au pair en France

Au pair en France

sexta-feira, 29 de julho de 2011

O mundo Bio

Quando eu cheguei na França descobri esse blog e virei fa de carteirinha. Hoje fazendo um tour pelos blogs que visito, rolei de rir com esse post que ele publicou essa semana:

"A última moda em Paris é ser bio. Ou biô, como eles dizem. Ser bio é ser adepto dos alimentos orgânicos, produzidos sem agrotóxicos. É adotar um modo de vida mais são, de mais respeito à natureza e ao produtor. É colocar um pouco mais de saúde no prato.

Tem parisiense que faz qualquer coisa por uma porção de legumes e frutas bio. Conheço um que duas vezes por semana pega o carro, atravessa Paris inteira e engole fumaça de engarrafamento só para vir ao Marché d’Aligre comprar sua cota de bem estar em forma de abobrinhas.

Há aqueles que se amontoam em frente às barracas bio da feira e se acotovelam, se empurram e quase se estapeiam na disputa pelo alho poró mais bonito. E quando descobrem um bom exemplar de funcho perdido entre as endívias, aí é o verdadeiro êxtase, a contemplação do divino, o arrebatamento do espírito e do corpo.

Mas não é qualquer bio que serve, a coisa não é tão simples assim. Pra ser bom, o bio tem que ser caro. Bio em promoção está estragado, não presta, com esse preço aí alguma coisa está errada. E não faz mal se para morder um superfaturado damasco bio é necessário vender os dentes da boca. Afinal, o parisiense sabe bem que bio de pobre não tem tantas vitaminas quanto seus semelhantes inflacionados.

O parisiense verdadeiramente bio só consome produtos bio. Ele acorda de manhã, passa um creme bio no rosto, pra ficar com aquela pele de pêssego bio. Depois, prepara um café bio guatemalteco, morde uma maçã bio, que vez ou outra esconde uma minhoca, também bio (ou seria minhoca bia?) e come uma ou duas tartines de pão bio com manteiga idem.

E então sai pra rua e acende um Malrboro, feliz de sua condição de sujeito saudável."

A realidade é essa meeeesmo. Tudo bio, uma febre francesa. Alias eu diria uma neurose francesa. Nao tomam banho, mas comem bio. Enchem a cara de McDonalds, mas em casa so comem bio. E o pior: até roupa eles compram bio agora! Sabao em po bio, pasta de dente bio! socorro!

quinta-feira, 28 de julho de 2011

Casamento real

To aproveitando todo o meu tempo livre pra vir aqui colocar o blog em dia. Hoje vou contar a estoria - a piada, melhor dizendo - do casamento real de Albert e Charlene aqui em Mônaco realizado no dia 2 de julho. Pois entao, eu ja tinha pedido folga no trabalho pra ir nesse tao esperado casamento, ja nao basta ter perdido o casamento do principe Wiliam ao vivo e pela TV.

Saimos de casa logo cedo pra pegar o trem Nice - Monaco. Cedo porque eu queria garantir o melhor lugar pra ver o casamento: ou em frente da capelinha ou no palacio real. Cheguei toda empolgada em Monaco - Bruno estava odiando a ideia, mas nao reclamou - e vimos que a cidade ainda estava vazia. O calor tava enfraquecendo qualquer amizade, mas eu prefiria sentir o calorao do que sentir um frio do cao. Fomos dar uma volta aqui e ali pro tempo passar, afinal eram 11h da manha e o casamento começaria somente às 17h! Como a cidade é pequena, 30 min foram suficientes pra gente rodar e aproveitar o tempo livre pra tirar fotos de Monaco toda decorada com bandeiras de Monaco e da Africa do Sul, pais de origem de Charlene.

Felizinha da vida ao lado da bandeira da Africa do Sul

Nao conseguimos realmente dar a volta na cidade porque os principais acessos estavam bloqueados por conta do casamento. Pra tentar melhorar o calor, sorvetes e mais sorvetes. E... decidimos ir até o castelo com o intuito de sentar e guardar nosso lugar, mas fomos barrados por policiais dizendo que somente os moradores de Monaco tinham direito.

Arrasada, fomos fazer plantao em frente à capela onde eles iriam depois da cerimônia religiosa. Eu tava mais feliz do que tudo porque tava beeeeeeeem na frente e nao tinha ninguém! Mas como alegria de pobre dura pouco (alias, pouquiiiiissimo!), ouvi um rapaz pedindo informaçao ao guardinha que estava na minha frente. E ouço o guarda falando: - Nao, nao, meu senhor, às 16h vamos tirar todo mundo daqui porque so podem ficar aqui os moradores de Monaco (que deveriam mostrar a identidade!!). Olhei pro guarda e disse: - Cuma??? Acho que nao entendi bem... E ele me confirmou a informaçao. Ou seja, moradores de Monaco no acesso VIP e a pobretada na rua, ha uns 200 metros dos noivos. OOOhh raiva dos tal moradores de Monaco! A festa era somente pra eles e NADA foi informado nos jornais locais.

A capela Sainte-Dévote

Essa informaçao basica foi suficiente pra Bruno olhar pra minha cara e falar: você quer ficar de pé na rua ha muitos metros deles, no sol, esperando de 11h até às 19h pra vê-los 20 segundos, se puder ver algo? (Pq eles iriam pra capela somente 2h depois da cerimônia religiosa). Claro que pensei bem e voltamos pra Nice fustradissimos... alias, frustrada, Bruno adorou!

De volta pra casa, tive que me contentar em assistir tudo pela televisao, toda chinfrinha....

PS: As poucas fotos do casamento estao no meu album, alias, um novo porque o outro esgotou o limite. E no velho, fotos dos castelos.

segunda-feira, 25 de julho de 2011

3° e ultimo dia do passeio

Acordamos com o béééé das ovelhas do vizinho. Nem acreditei! Ha anos eu acordo com a buzina do vizinho, ou com o barulho do Trasncol, ou com a furadeira da obra na frente do meu prédio, ou com a batida da porta da vizinha... ja imaginaram como é tudo de bom acordar com um bééééééééééééééééééé, béééééééééé, bééééééééééééééé, bééééééééééééééééé... nao ha coisa melhor no mundo! Da cama mesmo pude me lembrar logo cedo de que eu era TURISTA e nao tinha que acordar com o barulho do despertador pra ir trabalhar.

Bom humor logo cedo, tomamos um café da manha chinfrim como tudo, mas tava valendo. Ja saimos de mala e cuia pro Mont Saint Michel porque nosso vôo era de noitinha e precisamos enfrentar horas de estrada depois das nossas apertadas "férias". A chegada no mont foi maravilhosa: um sol de rachar a cabeça e éramos uns dos primeiros a chegar, o que significa estacionamento vazio e nada de fila. 


Pra visitar o Mont Saint Michel é preciso ter energia. Sao inuuuuuuuuuuuuuumeros degraus até chegar no topo e quando você pensa que nao tem mais escada, você olha pro lado e encontra 3x mais escada do que ja tinha subido. E quando você respira aliviada e anda mais 1 metro, 6x mais escada do que ja tinha subido. Mas é claro que todo esse esforço vale a pena, a vista é linda, a historia do monte é interessantissima e você nem se lembra de que esta cansada (aham....)... é... ta bom, to exagerando, você se lembra sim! :) Ele consiste numa rocha de puro granito com 84 metros de altura, sendo que a pequena ilhota tem 800m de diâmetro.

O que torna o Mont Saint Michel diferente não é somente o fato de tratar-se de uma abadia secular construída na parte mais alta de uma cidadela medieval, mas é la onde ocorrem os maiores desníveis entre marés altas e baixas, com uma diferença de 15 metros. Isso quer dizer que dependendo da época do ano, das fases da lua, da influência solar, etc, a cidadela e a abadia medieval podem ficar a 10km de distância do mar, completamente envolvidas pelas águas e ligada à terra firme somente por uma estradinha que impede que o local fique isolado durante as marés cheias. Ou seja, dependendo do dia e hora que você visita, a sensaçao é de que você esta em lugares diferentes.

Vejam a diferença entre a foto acima (maré baixa) e essa, maré cheia

A origem exata desse monte ou a razao de sua construção num local de tão difícil acesso não são conhecidas em detalhes, mas foram um mistura de motivos religiosos, políticos e militares, com maior ou menor predominância de alguns  sobre outros, conforme a época. Iniciando no ano 709, quando surgiu a primeira igrejinha sobre o rochedo, obras diversas foram contribuindo para que, ao longo dos séculos, o local assumisse a forma que possui em nossos dias.

O nome do local - Mont Saint Michel - foi escolhido porque naquele distante ano, o arcanjo São Miguel teria feito uma aparição para o bispo da cidade de Avranches, determinando que fosse construída no topo daquele rochedo isolado à beira mar uma capela para honrar o Senhor. A tarefa difícil seria uma prova de fé, e representaria também uma proteção espiritual para todos.

A tarefa foi cumprida, a capela foi erguida, e no topo da mesma foi colocada uma imagem do arcanjo São Miguel. O mosteiro passou então a abrigar religiosos, sendo que com o tempo nas encostas do morro surgiram outras construções, residências e estabelecimentos comerciais. Posteriormente foram erguidas muralhas e torres fortificadas, destinadas a manter afastados invasores mal intencionados, em especial os ingleses. Essa região é sujeita a frequentes alagamentos.

O conjunto de construções e ambientes que compõem o monte Saint Michel forma um verdadeiro labirinto que deve ser explorado por inteiro. A medida que caminhamos, descobrimos os salões, corredores, escadarias, câmaras escuras, portais, passagens, esculturas, e toda uma variedade de detalhes e ambientes medievais..

Muitos visitantes, além de percorrer cada recanto da cidadela aproveitam também para caminhar pelo areal, mas da pra afundar um pouco quando a areia esta molhada. Mesmo em momentos de maré baixa há alguns trechos com areia movediça. Conta-se que alguns turistas nao perceberam que a maré começou a subir e morreram afogados...

Na parte de tras, o areal

 No alto da torre da abadia do Mont St Michel a gente vê uma escultura de São Miguel, em metal dourado, situada a 170 metros acima do nível do solo. A primeiras construções ao pé da abadia surgiram no século IIX, e por muitos anos a economia local subsistiu graças aos peregrinos religiosos, principalmente até a época da revolução francesa.

A partir do século 19 o local começou a atrair também pintores românticos, como Guy de Maupassant, fascinados pelo cenário sem igual. Com o passar do tempo, a propaganda difundida pelos trabalhos artísticos dos pintores, e a melhoria das estradas, Mont St Michel ganhou notoriedade em toda a França e até mesmo além dela. Atualmente, cerca de 3 milhões de pessoas visitam anualmente o monte. Em dias festivos ou épocas de férias, o número de visitantes diários chega em média a 20 mil pessoas.

Com tantos visitantes o comércio logo se estabeleceu. Ao atravessar o portão de acesso à parte interior das muralhas os visitantes seguem por uma estreita ruela de aparência medieval repleta de lojinhas. Depois de atravessar cerca de 200 metros de comércio começa a subida propriamente dita ao monte, e nesse percurso estão alguns hotéis (sempre lotados) e bons restaurantes. Depois, após o trecho comercial, atravessando uma imponente porta de madeira, chega-se à área religiosa do monte, onde então uma nova seqüência de escadas conduzem os visitantes à plataforma superior, de onde se tem acesso à basílica.

A parte superior do monte é dominada pela abadia de Saint Michel, pequena e rústica, mas lindissima, tanto que ficou conhecida como "La Merveille" (A Maravilha). (abaixo)


O roteiro interno, após visitar a abadia prossegue por diversos ambientes belíssimos. Salões, arcadas, colunatas, câmaras escuras, rampas, jardins internos, o refeitório dos monges e outros ambientes, todos em pedra, que nos dão a nítida impressão de ter voltado mil anos no tempo, e estarmos percorrendo um local que parou no tempo, em plena Europa medieval.

Os trechos fortificados de Mont St Michel são igualmente impressionantes. Destacam-se as grandes torres (tour Claudine, tour du Nord, tour de la Liberté, tour de l’Arcade, tour du Roi e tour Boucle) que flanqueiam as muralhas da cidadela e o caminho de ronda, que faz o contorno da cidadela e oferece visuais belíssimos.

Um dos locais mais belos do monastério é seu claustro (abaixo). Está situado num dos planos mais elevados de St Michel, e o acesso até ele situa-se logo após um pátio interno, na saída da abadia. Para percorrer os ambientes internos da abadia, 2 h serão suficientes. Esta é uma parte menos cansativa da visita, porque o acesso à abadia é feito por uma boa subida.


À medida que se vai percorrendo a abadia e os diversos ambientes vão se sucedendo ao longo do trajeto, vamos também nos aproximando da porta de saída da abadia, e depois de algum tempo estamos novamente na área comercial de Mont St Michel.

O local fica completamente ilhado durante os períodos de equinócio e solstício, cerca de 50 vezes por ano. Nos outros dias o espetáculo  também é impressionante, mas as águas não avançam tanto. O local não tem importância apenas religiosa, ou arquitetônica, mas também estratégica. Conta-se que no século 12, durante a  Guerra dos 100 anos, entre França e Inglaterra, 119 cavaleiros franceses se encastelaram aqui e não permitiram que os ingleses tomassem o monte. Eventos como este contribuíram para tornar o Mont St Michel um dos mais fortes símbolos da história e identidade francesas.


Espero que tenham gostado!

Se quiserem assistir como a maré sobe rapido, vejam esse video que encontrei, é claro que a pessoa que filmou acelerou as imagens. Aqui uma reportagem de Sonia Bridi feita em 2008 no Mont Saint Michel, uma pena que o video nao esteja mais disponivel.

Fim do 2° dia do passeio

Chegamos no nosso hotelzinho proximo ao Mont Saint Michel umas 18h. Mal colocamos as malas no quarto e ja saimos de novo. Como no verao o sol ta de pé até umas 22h, aproveitamos pra ir pra Saint-Malo, uma cidadezinha linda que fica ha meia hora de onde estavamos. Tive a impressao de estar em Avignon com praia! Uma muralha imensa separava o porto dos edificios à beira mar, de onde podiamos caminhar. Como se o calçadao fosse no alto da muralha. Aproveitei pra tirar fotos lindas, mas fiquei pensando que quem mora naqueles prédios nao deve ter a minima privacidade... A cidade é tipicamente medieval - tem esse grande muro em volta da cidade, e ela é toda construída dentro dele. Todos os prédios tem a mesma altura e foram construídos com pedras de granito cinza.

A parte central da muralha e la no alto, o "calçadao"

Os prédios e a muralha, que chega na altura do 6o andar, eu diria....

A cidade estava lotaaaaaaada e tava quente, do jeito que eu gosto. Tira foto aqui e la, e foi batendo uma foooome danada. Claro que como toda cidade praiana, os restaurantes - colados um do lado do outro - ofereciam fruuuuuuutos do mar... O dificil foi achar uma mesa vazia!



Depois de muita procura, finalmente pudemos parar pra comer. Enquanto Bruno se acabava comendo uma panela de mexilhao, eu pedi de entrada algo simplesmente maravilhoso: Capuccino de lagosta. Era uma espécie de sopa de lagosta com um chantilly salgado feito com o caldo do cozimento da lagosta. Como diz o vovô, minha lingua até bateu palma! Depois de prato principal, um salmao com legumes.

E da-lhe mexilhao! Bléérc!

O meu capuccino de lagosta

De barriga cheia, hora de continuar o turismo... o sol ja estava sumindo e o cansaço foi chegando, claro... caminhamos pela cidade velha tomando um sorvetinho. Eram pequenas ruelas todas idênticas e feitas para confundir quem nao consegue se situar com facilidade. Visitamos depois a praia, que não é uma opção usual por aqui por conta do tempo freqüentemente instável do Canal da Mancha e dos fortes ventos. Também é importante ficar atento à maré, já que na baía de Saint-Malo o desnível entre maré alta e baixa chega, em certo locais, a quinze metros. O pôr-do-sol nao podia ser mais lindo:


Como de praxe, vou contar uma pequena historia desta cidade, graças à ajuda de amigos internautas que estiveram la e relataram tudo com detalhes:

Saint-Malo, ou senmalô, como dizem os franceses, tem cerca de 50 mil habitantes e está situada no oeste da França, na região da Bretagne (Bretanha), proximo ao Mont Saint-Michel. Ela é uma das mais visitadas do pais, sao 200 mil turistas somente no verao! Segundo uma pesquisa feita por um canal de tv, é o 1o destino preferido dos europeus. Fruto de uma rica historia maritima, tem um porto importante para a regiao. 

Esta seria mais uma cidade normal da Bretanha, às margens do Canal da Mancha se não fosse pela Ville Intra-Muros (cidade intra-muros, em funçao da tal muralha citada acima). Este foi o núcleo inicial daquele primeiro monastério estabelecido no início do século 6, por dois monges que mais tarde se tornariam santos: Aaron and Brendan. Muito mais tarde seria desta cidade que, durante os séculos 15 a 18, saíram muitos navios, inclusive piratas, em busca de tesouros e riquezas pelo mundo afora, o que fez com que Saint-Malo ficasse conhecida como a cidade-corsária.

O principal acesso à cidade Intra-Muros é através do portão Saint Thomas, mas antes de percorrer as ruelas internas é recomendável fazer o contorno das muralhas, o que pode ser feito pelo caminho superior, que interliga todas as torres de guarda. Alguns trechos desta muralha foram construídos no século 12 e lá de cima é possível vislumbrar a cidade moderna, o estuário do rio Rance e a cidade vizinha de Dinard, na margem oposta. O trajeto completo ao longo das muralhas leva pouco mais de uma hora. Entre 1590 e 1595 Saint-Malo declarou-se uma república independente da França e até mesmo da Bretanha. Seu lema era: Nem franceses, nem bretões, mas sim Malouins".

Os corsários que partiam da cidade davam muito trabalho aos navios ingleses, sendo que muitas vezes chegavam a exigir tributo dos navios mercantes para que não fossem atacados. Partindo daqui estes mesmos corsários chegaram ao Canadá e subiram o rio Saint Lawrence até a cidade de Quebec. Outros navegaram para o Atlântico sul e estabeleceram uma colônia naquela região, com o nome de Îles Malouines, que mais tarde, já sob o domínio espanhol, passaria a ser conhecida como Ilhas Malvinas, na costa argentina.

Durante a idade média Saint-Malo limitava-se ao que hoje corresponde à cidade murada, e era na verdade uma ilha situada na foz do rio Rance. Deste ponto era possível controlar não somente as embarcações que transitavam mas também todo o movimento em mar aberto. Somente muito mais tarde ela passaria a ter ligação permanente com terra firme. Outras atrações da cidade são Fort Nacional (construído em 1689 por Vauban, e que foi o responsável durante anos pela proteção da cidade) e o Fort du Petit Bé, construído afastado da costa e acessível por terra somente quando a maré está baixa.



terça-feira, 19 de julho de 2011

2° dia do passeio

O dia começou cedo novamente pra que a gente pudesse aproveitar o dia. Saimos do hotel e fomos direto pro Castelo de Chenonceau, também conhecido como o Castelo das Sete Damas, 7 mulheres de forte personalidade, sendo 2 rainhas que construíram este castelo sobre as águas do rio Cher e traçaram sua história. A origem desta construção vem desde o século 13, numa antiga propriedade existente no local, que incluía um pequeno castelo às margens do rio.

Durante o reinado de François I, a propriedade foi comprada por Catharine Briçonnet, que determinou que fosse tudo demolido, com exceção da torre. Foi então construído um novo castelo sobre as fundações da antiga mansão. Mas os custos foram altos, e como a família não podia pagar seus débitos, a propriedade acabou sendo vendida para o rei. Em 1547, no reinado de Henrique II, este deu a propriedade de presente para sua amante, Diane de Poitiers, que aumentou a casa, mandando inclusive construir uma ponte sobre arcos, ligando a mansão à outra margem do rio. Foi ela também quem projetou os jardins, vinhedos e uma série de outras melhorias.

Em 1559, com a morte do rei Henrique II, Catharine de Medici, sua mulher, botou a amante para fora e deu continuidade às obras. Mandou então construir um novo aposento, exatamente em cima da ponte construída por sua rival. Este imenso salão sobre o rio, com dois andares e 90 metros de comprimento, passou a ser conhecido como Grande Galeria, e iria se tornar a marca registrada do castelo.

Catharine de Medici aumentou ainda mais os jardins e parques do palácio, fazendo da propriedade um ponto concorrido por suas festas famosas para a sociedade da época. Quando a rainha Mary Stuart visitou a França, em 1560, Catharine de Medici lhe preparou em Chenonceau uma recepção com 1000 pessoas que durou vários dias, contando com apresentações teatrais, pintores para registrar o evento, poetas e muita música.


Depois de conhecer esse castelo cheio de historias, fomos ao Castelo de Azay-le-Rideau. O nome da construção remonta ao ano 1119, quando um nobre de nome Ridel de Azay fundou neste local um povoado. Na época ainda não havia nenhum castelo neste lugar, ele foi construido mais tarde, quando os senhores feudais da cidade de Tours resolveram construi-lo. Como o povoado de Azay ficava no caminho, ele foi o local escolhido para receber a obra.

Inicialmente a construção era como uma fortaleza típica medieval, com grandes muralhas, ponte levadiça e torres pesadas, tendo como função básica o uso militar com características defensivas. Foi somente com o renascimento arquitetônico no reinado de Francisco I que a construção começou a assumir o aspecto que apresenta hoje em dia.

Martin Berthelot, nobre que na época ocupava o cargo de Maitre de la Chambre aux Deniers, equivalente a um ministério de nossos dias, decidiu comprar a propriedade, na época sem função defensiva e semi abandonada, para transformá-la em residência de luxo. A situação do imóvel, relativamente próximo de Paris, e numa região muito valorizada às margens do rio Loire, era ideal para seu projeto, pois os terrenos da área já vinham se transformando em local procurado pelos ricos. Hoje esse é um dos castelos mais bonitos e mais visitados dessa regiao.


A ultima parada no Vale do Loire foi no Castelo de Ussé. Em posição dominante sobre o rio Indre, foi erguido em 1642 com a primitiva função de fortaleza. Posteriormente foi reformado, passando a ser ornado por torres e janelas. Este castelo inspirou Charles Perrault (1628-1703) a escrever o famoso conto "A Bela Adormecida".

Ele apresenta dois estilos arquitetônicos, um de inspiração medieval e gótica e outro renascentista. O pátio interior apresenta exemplos destes dois estilos. Esta duplicidade de estilos explica-se pela existência de vários períodos construtivos na história do edifício, sendo os elementos mais antigos datados do século XV, enquanto o palácio só viria a adquirir o seu aspecto actual entre o século XVI e o século XVII.


vista de fora do castelo

Depois dessa aula de historia, pegamos estrada e fomos em direçao ao Mont Saint Michel. Aguardem cenas dos proximos capitulos... e boa semana! :)

sexta-feira, 8 de julho de 2011

Passeio ao Vale do Loire

Depois de ter tido uma semana super dificil no trabalho por conta dos inumeros turistas que chegaram pro verao, eu e Bruno fizemos uma curta (mas otima) viagem pro Vale do Loire e pro Monte Saint Michel. Ja tinhamos programado tudo isso ha mais ou menos 4 meses, quando fomos convidados para o casamento de um casal de amigos. Alias, essa é a primeira vez que fui num casamento tipicamente francês!

Na sexta, dia 24 de julho, pegamos um vôo pra Paris e no aeroporto mesmo alugamos um carro. Depois de um dia inteiro de trabalho, fomos à aventura! Nosso aviao chegou em Paris Orly às 23h25 e tivemos que correr até o outro terminal (no fim do mundo) pra conseguir achar a loja de aluguel de carros aberta. Estavamos em cima da hora, mas tudo deu certo! Pegamos o nosso carro e descobrimos um bom GPS acoplado que nos guiou até o simpatico hotel Ibis Amboise, no Vale do Loire, onde chegamos às 2h30 da manha, pooooooooooodres de cansaço. As 7h30 ja estavamos no café da manha pra nos preparamos pro casamento.

Ao contrario dai, os casamentos aqui sao sempre de manha, acho que é porque faz menos frio... sei la. Enfim, o dia estava lindo e o calor estava otimo pro meu gosto. Nos reunimos todos na prefeitura de uma cidadezinha chamada Onzain e a noiva chegou com pouco atraso. Fomos todos pro casamento civil na sala principal da prefeitura e depois nos dirigimos pro castelo da cidade vizinha para o que eles chamaram de cerimônia religiosa e a recepçao.

Nossa chegada foi surpreendente, o castelo era liindissimo e o local da cerimônia religiosa mais ainda! 


Estavamos no meio da natureza e um grupo de musicos nos recebeu ao som da famosa musica « La vie en rose ». Ao fundo, ruinas da parte exterior de uma antiga capela, realmente cena de filme. Helena chegou nos braços do pai e ficamos esperando o padre ou o pastor... mas... nada! Como o povo aqui é tudo ateu, um colega deles fez o discurso. Fiquei decepcionada nesse ponto porque acreditei que pra eles a bênçao de Deus era importante. Bom, fazer o que... um falou, o outro falou, o outro falou e tive a sensaçao de estar numa cerimônia de formatura, onde cada aluno faz o seu discurso. A troca de alianças foi feita entre eles mesmos e ao fim um senhor chegou com uma espécie de bau com uma dezena de pombos. Os noivos pegaram os seus pombos e soltaram-os ao mesmo tempo, o que foi lindo. Depois foram soltando um por um...


Hora da recepçao: num jardim a céu aberto nos deliciamos com os canapés franceses, além de um chef que preparou fois gras assado pra nos. Tudo de extremo bom gosto. Fotos no jardim, papo la, papo aqui, tudo muito diferente do que eu conhecia.

No fim da tarde deixamos o casamento e fomos conhecer alguns dos castelos da regiao. Nossa primeira parada foi o Castelo de Clos-Lucé, ultima residência do engenheiro civil e militar, botânico, arquiteto e músico Leonardo da Vinci. Convidado por Francisco I, rei de França, ele passou os seus 3 últimos anos nesse castelo, onde se dedicou às suas invenções e ao estudo de grandes projetos para o monarca, antes de morrer em 2 de Maio de 1519. Propriedade da família de Saint Bris há dois séculos, o Clos Lucé apresenta o conjunto das obras de Leonardo da Vinci e a gente pode conhecer o seu quarto, o seu gabinete de trabalho, a cozinha, as salas renascentistas, a capela - pintadas pelos seus discípulos - e também 40 das suas invenções (em tamanho real!) nas áreas da engenharia militar, do urbanismo, da mecânica, das máquinas voadoras e da hidráulica. A arquitetura do castelo nao é como a dos demais, ja que a parte externa é como uma casa.


E finalmente nosso ultimo destino do dia foi o Castelo de Amboise. Construído no alto de um rochedo, às margens do rio Loire, ele oferece uma vista impressionante. O local, devido à sua posição estrategicamente importante, sempre foi ocupado por edificações militares, desde o século 2 da era Cristã. O primeiro a ocupar o castelo foi Fulque III o Negro, Conde de Anjou, administrador da cidade.


Quando em 853 ocorreu a invasão dos Normandos na região do rio Loire, pilhando e saqueando vilas e cidades, Amboise foi devastada, pois o castelo ainda uma pequena construção e não tinha como oferecer uma defesa eficiente. No entanto Conde de Anjou enfrentou corajosamente aos invasores, sendo posteriormente castelo e parte da cidade entregue pelo rei Luiz II ao mesmo, como reconhecimento por sua bravura.

Bom, por hoje é so, amanha continuarei a contar o resto da viagem!