Au pair en France

Au pair en France

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Eu me amo

Trabalhar com o publico é um grande desafio, especialmente aqui na França. Além de termos que suportar o bom humor nato do francês (e dos estrangeiros que estao seguindo este mesmo exemplo), temos que respeitar e achar lindo os clientes ultra individualistas que acreditam ser as unicas criaturas da face da Terra.

Nao entendo o que custa ser educado, dar um sorriso (lembrem-se dos chineses!), um "bom dia" ou "obrigada", "volte sempre", "boa viagem", etc. Até no supermercado quando a gente pede ajuda ao monsieur "Posso ajudar?" ele franze a testa bruscamente e olha pra gente nos fusilando mais do que uma metralhadora do BOPE. Ai você deixa pra la e se vira sozinho.

O cliente hoje tem prazer em entrar no hotel com uma baita cara de bunda e usar toda a sua autoridade, do tipo "eu mando e desmando em você", "você sabe com quem esta falando?". Fico imaginando: "Sera que esse cara manda assim dentro de casa ou ele quer dar um de machao no mundo afora justamente porque ele nao pode mandar na mulher?".

Esse individualismo ja invadiu a Europa ha muitos anos e muitos culpam a internet, o mundo moderno. Particularmente ela tem, sim, sua parcela de culpa, mas isso vem de berço. Pai e mae que nunca foram verdadeiramente carinhosos com os filhos, o cada-um-por-si e Deus por todos, a falta de dialogo, as brigas de familia que causam um rompimento eterno entre pai e filho, irmao e irma. Um desastre. O resultado disso é que cada um vai pro seu lado e ninguém quer depender de ninguém.

Se as pessoas decidirem de serem ainda mais individualistas o sofrimento delas, sobretudo na velhice, vai aumentar consideravelmente. Porque além de morrerem sozinhas, morrerao depressivas. Nao têm com quem conversar, com quem desabafar, com quem se divertirem. Porque nao ha mais ninguém no mundo que queira ser amigo de uma pessoa individualista, egoista e mal humorada.

#prontofalei.

Um comentário:

Anônimo disse...

Lorena, você tem que começar a pensar seriamente em colocar no papel (claro que colocar na web também [é ótimo) essas suas impressões geniais de uma brasileira que não é mais brasileira mas que também não é uma francesa - uma cidadã híbrida do mundo. Esse hibridismo é que te dá essa visão tão diferenciada e aguda das coisas sociais. Ótimos textos.
bjs
João from SP